Eram os deuses (astronautas) artistas?
- Túlio Mattos
- 18 de ago. de 2015
- 2 min de leitura

Abrimos alas na Avenida para o desfile de divindades, cada qual com seu brilho, tom e meio tom. Cada um com a capacidade de mexer com o cotidiano das pessoas de acordo com a fase que passa a Lua. A Lua de cada um.
Usando de instrumentos conhecidos pela humanidade, essas divindades de pé no chão têm o poder de traduzir sentimentos e personalidades sem nem ao menos conhecer o dia e a hora em que a pessoa envolvida nasceu. Afinal, quem nunca se sentiu no direito de gritar que é uma metamorfose ambulante? Eu não conheci Raul, mas é como se ele me conhecesse perfeitamente.
Artistas sabem a hora de intervir. Enquanto eu escrevia o parágrafo de cima, “Deixa”, de Alexandre Bouhid, me chamou com um: “se você deixar eu vou te mostrar que nem toda canção tem uma musa”. E ali está o segredo: no desconhecido. Até onde eu sei, posso ser bem parecido com você, leitor, que nem conheço ainda.
Música pode ser unidade de medida para distância, afinal, eu tenho plena certeza de que da faculdade de Comunicação da UFJF até o RU tem umas três músicas de distância. Música dá ao extrovertido um minuto de silêncio e, ao tímido, a oportunidade do grito. Música pode definir como será seu dia melhor do que horóscopos. Acordar com o pé esquerdo, por exemplo, é sinônimo de montar errado sua playlist mental.
E é nesse ponto que artistas se tornam seres imortais. Eu não estou apaixonado pela Mallu Magalhães, pelo Oswaldo Montenegro ou pelos meninos e meninas da Trupe Chá de Boldo. Mas não importa onde eu vá, é sempre neles que penso quando não preciso me concentrar em algo que exija um silêncio momentâneo. E assim como o universo, a tendência é se expandir, já que encolher é impossível. Afinal, algumas canções vão me acompanhar para sempre, assim como acompanharão outras “blablalhões” de pessoas.
Um outro poder dos artistas é o recém nomeado (por mim mesmo) Efeito Cachorro. Por onde quer que você vá, eles irão atrás de você. Se o seu toque de celular não for um dos polifônicos que já aparecem como opção imediata, eu chutaria que é uma música. E os artistas podem surgir com os melhores disfarces, afinal, você acha mesmo que sua mãe seria tão inconveniente a ponto de te ligar exatamente quando a tela de “por favor desligue o telefone celular” acaba de sumir da tela do cinema? Isso é só o artista se mostrando para o mundo.
Imortais, com formas humanas, com capacidade de mexer com o cotidiano dos humanos usando de poderes que não podem ser percebidos pela visão. Costumam adivinhar o que você pensa, costumam estar em todos os lugares em que você está e algumas pessoas juram que podem vê-los em alguns lugares. É por aí o conceito de Deus? Se não for, alguém sabe armar arapuca para pegar esse “Passarinho” do Guido Del’ Duca da minha cabeça? Desde que eu comecei a escrever, só consigo pensar em como “canto bonito, preso pra um dia alguém me libertar”.
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