Sobre rimas e versos
- Danilo Terra
- 12 de set. de 2015
- 2 min de leitura
A noite era fria e os passos do jovem, largos. Corria contra o tempo, no compasso ritmado das centenas de pessoas que saíam do trabalho e colégio, indo para casa. Olha o relógio, faltava pouco tempo para começar. Estava ansioso e nervoso para o seu contato com o Hip hop. Que ironia, o que ele ouvia no caminho era um som bem diferente.
Chegando na Praça da Estação, tudo ainda era silêncio, um tormento para o estômago. Aos poucos, os donos da festa já iam chegando, com seus aparatos técnicos, camisas, colares e bonés na cabeça, o traje a rigor para a cerimônia. A visão do rapaz se ampliou e ele enxergava muito além das obviedades. Aos poucos, aquela gente se misturou toda, a música começou e o espetáculo foi oficialmente aberto. Durante muito tempo, ele olhava para os lados, ansioso em captar tudo o que podia no menor tempo possível.
Experimentar tem dessas manias.
Quando as batalhas começaram, o verso improvisado virou poesia e arma para vencer uma guerra de arte. Que dilema. O frio na barriga virou euforia. Ele estava entregue. Num mundo diferente do seu, sentia-se em casa. No meio da praça, enquanto a cidade insistia em funcionar, o Hip Hop dava sua lição e deixava sua marca.
Cada MC, com seu jeito e criatividade, foi armando seu exército e colocando as cartas na mesa.
De perto, o jovem via tudo e admirava tamanho talento. Nos intervalos, Break para animar os olhos e aquecer a alma naquela noite fria de sexta-feira. Quantas emoções contidas ficaram a flor da pele, depois de três meses sem Encontro. E na noite de reencontros com o Encontro, os MC’s estavam vivos.
Tarde da noite, o rapaz foi para casa, extasiado com o que acabara de assistir. A celebração da cultura de rua, do movimento Hip Hop, do fantástico universo dos MC’s. Gostou tanto, que resolveu se arriscar na rima, caminho afora.
“No meio da rua,
eu faço rima, arte,
se liga na cultura.
De dia, de noite,
marque o ponto aqui na praça,
pois hoje tem Encontro”.
E aquela noite aconteceu porque ainda existe poesia. E ela vive, enquanto batalha com outros versos.
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