Os bastidores do Bandas Novas
- Tiffany Gonçalves
- 25 de set. de 2015
- 4 min de leitura

Depois do período da Ditadura Militar, o movimento punk começou a tomar forma no Brasil, junto com a construção de novos cenários culturais. Em 1983 aconteceu o 1º “Rock Juiz de Fora”, com apresentações de grandes nomes como Raul Seixas, Erasmo Carlos e Legião Urbana. A cidade possuía um dos movimentos mais ativos e organizados na época. Com a intenção de representar e fortalecer o movimento alternativo, as bandas da cidade começaram a desenvolver ações em parcerias com outros grupos e criaram oportunidades de divulgação. Foi em uma dessas parcerias que, há 17 anos, surgiu o Festival de Bandas Novas.
A Av. foi conversar com o idealizador e coordenador do evento, Adriano Polisseni, para entender melhor como surgiu a iniciativa, os desafios e dificuldades até hoje e o que podemos esperar de novo. Saca só!
1 - Como e quando surgiu a ideia do Festival?
Em 1998 surge o festival do Pró-Música com 23 bandas na sua primeira edição, incentivando a formação de novas bandas e dando voz ao movimento outra vez. No ano seguinte, o Festival do Parque da Lajinha, a Rádio Roqui FM e a Domingueira Rock and Roll se unem ao festival do Pró-Música e, com o apoio da Funalfa, dão “origem oficial” ao Festival de Bandas Novas, com um número maior de apresentações, espaço e divulgação para as bandas. A primeira edição não teve um lugar fixo. Ainda com instrumentos sucateados e emprestados da Funalfa, as bandas se apresentaram em lugares variados, como a Escola Normal e Academia. Sendo a final realizada no Parque da Lajinha com 43 bandas inscritas, 11 finalistas e um público estimado em 10 mil pessoas.
2 - Onde foram realizadas as edições seguintes? Os músicos realmente engajavam na ideia?
Os primeiros shows aconteceram no pátio da Escola Normal, no colégio Academia, na quadra da Escola de Samba Turunas do Riachuelo e a grande final aconteceu no Parque da Lajinha. Nos anos seguintes transferimos para o Clube Tupi, onde ficamos de 2000 a 2004. A partir de 2005 fomos para a praça Antônio Carlos e em 2010 agregamos o CCBM. A partir de 2012 fomos transferidos para a praça da Estação.
A adesão da galera era imediata. Era o único espaço com qualidade de som, espaço livre, acesso fácil, divulgação e custo zero (ou quase zero). O que mais poderia querer a banda?
3 - A ideia do Festival é trazer bandas novas, no sentido de pessoas jovens e sem experiência, ou apenas recém formadas?
O sentido de bandas novas é amplo, bandas novas com propostas musicais novas dentro das vertentes apoiadas (punk, metal, hard, alternativo e indie). Bandas de músicos novos e inexperientes, bandas de músicos já no circuito, mas desconhecidas ou pouco conhecidas pela galera. Afinal de contas, a ideia é abrir espaço, explorar a pluralidade artística dentro das vertentes, conhecer a expressão das bandas e trazer diversão e arte para rua e para a galera. No início, todos eram novos, depois alguns novos não tinham mais espaço e então repetiam. Chegou a internet e com ela bandas de todos os lados que queriam se apresentar. Chegaram bandas fortes, porretas, novidades que apertaram a cena local que demorou para se preparar. Foi necessário abrir espaço para veteranos, músicos já experientes no cenário local para segurar o tempo de preparação. Mas estes também não têm muito espaço e adoraram a invasão e se agregaram em prol do rock. Assim surgiram os convidados, shows de abertura e encerramento que perduram até hoje.
4 - O Festival hoje é “independente”? E as bandas que se apresentam?
No modelo atual de cultura alternativa todos somos independentes. Levanto recursos e executo o projeto, que não visa lucro. Ofereço à comunidade este espaço de cultura, lazer, diversão e divulgação. O mesmo acontece com os grupos, que se oferecem para tocar em busca de divulgação, interação com a galera e ajuda em nossas atividades filantrópicas ou sociais.
5 - Como é a questão da autoralidade das bandas que se apresentam? Isso é levado em conta?
Quando o Festival era competitivo isto era crucial! A partir de 2011 o Festival passou a ser puramente demonstrativo, sem competição e/ou premiação. As bandas começaram a querer mais que divulgação, queriam fazer shows legais, pois agora tinham mais tempo de palco e não estavam competindo. Isso permitiu que os grupos que tocavam covers, sucessos, clássicos, ganhassem espaços com o público. E reforçado pelos convidados, já experientes em interação, invadiram com a geração de covers. Embora algumas bandas ainda se mantenham com o trabalho autoral, às vezes até mesclado a covers de clássicos.
6 - Qual é a atual situação do Festival? Existe uma equipe que garanta o funcionamento do evento?
Continua firme na proposta de divulgação do movimento alternativo. Existem alguns amigos que me acompanham para que a coisa flua.
7 - Quando o evento começou, a proposta também era de dividir os shows durante o ano?
Isto é variável, cada ano foi de um jeito. Dependia da verba que eu conseguia e do número de inscritos.
8 - Depois de 17 anos, o festival continua existindo e abrindo a cena do rock para a cidade. O que podemos esperar? Quais são os planos daqui pra frente?
Continuo no intuito de abrir espaço pra galera rock, mas para a próxima edição estou revendo a possibilidade de competição e premiação novamente. Não posso garantir que vá acontecer, pois é um ano de mudanças políticas, mas me agrada neste momento um formato mais efervescente.
O Bandas Novas completa seus 17 anos em 2015 trazendo arte, cultura e muito rock aos juizforanos. Com shows marcados aos sábados ao longo do ano, o festival tem o objetivo de divulgação dos grupos e diversão do público. A Sessão “Festivais” da Av. Independência busca apresentar e divulgar os festivais independentes da cidade. Portanto, trata-se de uma iniciativa que há mais de 15 anos movimenta o cenário independente de Juiz de Fora e tem espaço mais que garantido na nossa segunda edição da Revista Avenida Independência. Fique ligado!
Para mais informações acesse o site oficial do Festival:
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