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Educar(te) com Hip Hop

  • Danilo Terra
  • 29 de set. de 2015
  • 2 min de leitura

Foto: Vivy Assis

Sábado de manhã. Lá estava eu, sonolento ainda, caminhando pela rua Halfeld para mais uma imersão no Hip Hop juizforano. Confesso que o sono me tirou um pouco do bom humor naquele primeiro momento. E digo isso sem querer esconder qualquer tipo de indisposição. Aquele evento me despertaria para o que andam fazendo pela educação e vida de dezenas de jovens da cidade que moro há 3 anos, enquanto eu só reclamo. Na verdade, enquanto NÓS só reclamamos.

O colégio ficava próximo ao centro e parece viver dias não muito felizes. A infraestrutura do lugar mostrava se tratar de uma escola pública. Me surpreendi, porque a realidade do espaço que vinha à minha mente era bem particular e diferente. Sempre fui estudante de colégios do governo e nunca convivi com salas apertadas e pouco espaço. Foi ali, no improviso, que o Educarte me mostrou o poder da força de vontade e da criatividade. Com elas, é possível se dar um jeito em tudo. E que jeito! Logo cedo, os jovens que encararam o mesmo desafio que eu, o de levantar da cama de manhã em pleno sábado, tiveram uma aula especial. Sem prova, trabalho ou exercício valendo nota. Mas a recompensa, eles sentirão pelo resto da vida.

Educar com o Hip Hop e os seus quatro elementos: DJ / MC, Break, Grafite e o RAP é o propósito projeto, mostrando que a cultura e o movimento são bem diferentes do que vemos por aí. É engraçado como as pedras preciosas precisam ser descobertas. Ninguém nunca me apresentou o Educarte. Talvez porque mais do que dizer, é preciso sentir. E de verdade, fico feliz por senti-lo. O Educarte é vivo e dispensa apresentações.

Fiquei encantado com a pintura que os grafiteiros presentes fizeram na entrada da escola e, em especial, com que a grafiteira Pequena me contou. Conversamos durante algum tempo e foi muito produtivo. Descobri que grafite e pichação são irmãos, um mais monocromático e outro mais colorido. Ambos com peculiar tato para prender o olhar. Mais uma vez, me vi indagado pelos meus próprios preconceitos e juízos de valor. Thainá, a única MC que tive a oportunidade de conhecer até agora, faz poesia rimando e ensinando. Só duela nas batalhas do conhecimento que, para quem não conhece, funcionam de forma diferente das batalhas de sangue. E no fim, vencedora, agradeceu a platéia. O agradecimento era todo nosso.

Hora do lanche. Os professores, maravilhados como eu, pareciam surpresos com os resultados da visita. Mas duvido que existisse alguém tão maravilhado naquele lugar. Dividi com minha companheira de reportagem, Carime, do quanto estava feliz de estar ali. Dessa felicidade, tenho a certeza: todos compartilhavam.

Um sábado incomum na selva de pedra e na pequena escola. Poesia, dança, música e rima improvisada. Hip Hop, meus caros.

 
 
 

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