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Sobre músicos escondidos

  • Fernanda Castilho
  • 25 de set. de 2015
  • 2 min de leitura


É sexta, o fim de semana tá aí e nada melhor do que assistir a um filme ou, quem sabe, até dois. A dica que temos hoje é especial, por ser uma obra para se pensar e refletir sobre música. "Inside Llewyn Davis - Balada de Um Homem Comum" foi indicado ao Oscar em 2014 na categoria de melhor fotografia e mixagem de som.

No filme, o músico Llewyn Davis não tem emprego, não tem uma casa onde possa morar, vive pedindo aos amigos um pequeno colchão ou sofá para dormir. Apesar de seu fracasso, ele ainda acredita no seu talento e insiste na carreira musical. Se apresentando sempre no mesmo bar de seu amigo, ele vê seus amigos músicos conseguirem contratos com gravadoras, vários aplausos e elogios. Já ele não tem estes mesmos contatos que lhe ajudem, está sempre sem dinheiro e ainda se mete em problemas, mas tudo o que ele precisa na verdade é de uma oportunidade.

O filme, dirigido pelos irmãos Coen, foi inspirado nas memórias de um músico chamado Dave Von Ronk, que começou a sua carreira no mesmo bairro de Nova Iorque de onde saíram os grandes artistas da música folk: Bob Dylan e Joan Baez. Porém, Dave não teve a mesma sorte que os outros.

Inside Llewyn Davis me fez refletir um pouco a respeito de uma conversa sobre música entre amigos. Lembro-me de uma menina dizer que seu pai era músico aqui em Juiz de Fora, tocava nos bares da cidade, mas logo desistiu. Ele dizia que seguir carreira musical era pra lá de difícil, tinha de se ter contatos, o tal pessoal de gravadora. Outro problema é que a maioria das casas de shows e barzinhos não aceitavam apresentações autorais, o que na maioria das vezes impedia o músico de mostrar suas próprias composições, sua poesia. Alguns tocavam suas músicas mesmo assim, indo contra a maré de covers e tributos.

Pensando nisso tudo, fiquei me perguntando: quantos grandes músicos desistiram e quantos deles deixamos de conhecer? Qual a real estatística de arte que uma cidade varre pra debaixo de seu tapete? Como sempre dizemos na revista, temos que ouvir a cidade. Sempre convidamos nossos leitores a embarcar nessa experiência. Tem música pra todo lado, só não vê quem não quer ou não se interessa. Fico imaginando que se não fosse pela Avenida, quantos talentos da minha cidade nós deixaríamos de conhecer, quanta coisa maravilhosa estaríamos perdendo. A vontade de fazer arte não morre. E é nosso dever encontrá-la nos cantos da cidade, porque essa é a cultura que nos mantém vivos.

A música Hang me, Oh Hang me de Dave Von Ronk foi interpretada pelo ator Oscar Isaac para o filme:

 
 
 

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