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Naquela Mesa

  • Túlio Mattos
  • 2 de out. de 2015
  • 2 min de leitura

Foto: Pedro Henrique Rezende


Não era para ser só uma segunda.

Tratava-se de um pós-domingo diferenciado. Dessa vez, meu maior compromisso acontecia no horário nobre da televisão. Momento em que as lanchonetes percebem a falta de movimento da segunda e começam a fechar. Momento também em que os estabelecimentos 24 horas continuam funcionando (por serem 24 horas).

Não era só uma segunda.

Era dia de Encontro, reunião de poesia com arranjo, de instrumento brincando de eu-lírico, de texto sem fim e de Pão de queijo com vatapá (que se fica bom eu não sei, mas soa bonito que é uma beleza). Era dia de encontro de mim com meu eu e do meu eu com o Túlio.

Era uma segunda segunda.

Dessas que a gente encara sem precisar de escolta. Tive a sorte de chegar cedo pra ouvir o restinho da apresentação da Joana Machado, tive sorte de ter ficado até tarde para ver a música flutuante de Gustavo Wood com Sarah Vieira, alguns dos nomes novos para mim nesse dia. Fui sozinho, dessa vez sem caderno e caneta ou qualquer tipo de coisa que me fizesse perder a pose de fã. Cantei, com sorriso bobo, o que eu já tinha decorado e o que me ensinaram na hora.

Era bom por ser uma segunda.

Afinal, qual é o melhor dia para se sentar com gente que você assistiu e aplaudiu a noite toda? Imagina a cara que deve ter ficado o criador da segunda-feira ao ver que o Encontro não acabaria nem quando tudo fechasse as portas? Eu estaria decepcionadíssimo se fosse o Senhor Segunda-feira.

Instrumentos não faltavam, nada de segunda.

Com a roda de música instaurada, vi que Novos Baianos podiam ganhar solos de guitarra e melodias de saxofone feitas pela boca de quem já arrumou um puxadinho em uma das vinte e poucas casas do violão. O bongô, triângulo e pandeiro ditavam, no compasso, quantas voltas a música daria até alguém ter coragem de dar a ela um final. Com efeitos luminosos de um show muito maior do que uma mesa de bar, eu vi que a música progressiva era brasileira. Veio direto da Manchester Mineira, em Minas Gerais.

Era terça.

Ou uma segunda segunda, em que os clássicos tiveram uma segunda versão, de segundas vozes, sem segundas intenções. No final das contas, até o senhor Segunda-feira se envolveu com o som e se esqueceu de dar continuidade à chuva que me impedia de ir embora. Sorte do repórter que acredita piamente que quem canta, seus males espanta. E voltou para casa nesse ritmo, afinal, naquela mesa tá faltando ele e a saudade dele tá doendo em mim (solo com a boca).

 
 
 

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