De cara
- Fernanda Amaral
- 13 de out. de 2015
- 3 min de leitura

Foto: Pedro Henrique Rezende
Poucas coisas me deixam mais otimista do que conhecer o novo. Trabalhar na Secretaria Lei Murilo Mendes tem permitido, ao longo dos últimos anos, que eu esteja atenta ao constante ritmo de criação e crescimento dos artistas de Juiz de Fora. E isso, de fato, me toma de alegria, me traz esperança. E falo sério quando digo que a gente está em um mundo com um bocado de pessoas muito especiais e que é em dias comuns que nós a descobrimos.
Em um dia de trabalho como outro qualquer, na última semana, um jovem garoto me apareceu trazendo o resultado de seu trabalho, seu primeiro CD, gravado com recursos da Lei Murilo Mendes. Compartilhei com ele um daqueles raros momentos de satisfação quando se tem a sensação de ver cumprido. Quase imediatamente após sua saída, quis ouvir seu trabalho, agora pronto. E então, meu coraçãozinho de manteiga se derreteu, tratava-se de Caetano Brasil. Esse que já nasceu com nome de artista e, desde muito cedo, vem demonstrando seu talento por meio de participações em tantos trabalhos de músicos consagrados na cidade.
Já na primeira faixa, um belo arranjo para a nossa velha conhecida “Ó abre-alas” surpreende e encanta. Percebo um piano divino, e minha alma suspira, é Rafa Castro. Ele está acompanhado por Gladston Vieira, Adalberto Silva e Rick Vargas, e tem ainda as participações de Fabrício Nogueira, Samy Erick e do mestre André Pires. Esse “menino” Caetano mostra que sabe das coisas!
Falar de Caetano não é eleger um único artista, não quer dizer que não me comova constantemente com tantos trabalhos lindos que me são apresentados quase que diariamente nesses últimos 12 anos. Mas seu trabalho é a prova de que essa cidade, em qualquer época, independente do clima ou apesar das adversidades, ainda permite o nascimento, o renascimento e a reinvenção da arte.
E Caetano não foi a única grata surpresa que tive nos últimos meses, a banda Etcoetera me foi apresentada em um show muito bacana, no qual pude assistir um monte de gente muito jovem cantando suas músicas, músicas do Etcoetera! Há tempos não via algo assim. Saí do show com a alma leve, acreditando nessa garotada que está aí, colocando a cara no sol. E como um fluxo contínuo de novidades, alguns dias depois recebi o CD JF de Cara com os Novos, trabalho também contemplado pela Lei Murilo Mendes – um lindo projeto no qual o Lúdica Música! generosamente abriu espaço para produção de uma nova geração de artistas. Acho que o Lúdica já estava “de cara” antes de mim, e não foi por acaso que escolhi falar dos novos.
Descobri que admirar o novo não significa deixar de amar aqueles que estão aí na estrada há tempos, significa que você já ouviu tanta coisa boa, original e bonita que seus ouvidos estão ensaiados para receber o que mais de bom vier. Talvez, se não fosse acostumada desde muito cedo a apreciar a boa música, a música feita nessa cidade, não estaria aqui hoje, falando da alegria em receber os que chegam.
A Juiz de Fora sempre será de Ministrinho, de Geraldo Pereira, de Joaõzinho da Percussão, de Big Charles, Alexandre Scio, Dudu Lima, de Roger Resende, Estevão Teixeira, de Isabela Ladeira, mas também já é a cidade dos Caetanos, Amandas, Rafas, Natálias, Alessandras, Lucas, Julianas... Basta querer ouvir a cidade!
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