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4 anos em versos e ritmo

  • Karoline Discaciati
  • 22 de out. de 2015
  • 3 min de leitura

Foto: Divulgação


Era a primeira vez que eu ia ao Encontro de MCs e as expectativas, várias. O momento era especial: a comemoração dos 4 anos do encontro na cidade. De fato, não posso dizer que sou a maior das conhecedoras da cultura hip hop, mas já ansiava há muito pelo momento de ficar cara a cara com esse universo tão novo pra mim. Finalmente chegara esse dia.

Confesso que a princípio estava um pouco apreensiva. A camiseta de florzinhas que eu vestia me fez pensar se eu estava bem para o evento. Mas que bobagem! Na Praça da Estação, a música era envolvente, a energia, positiva, e a sede pela absorção do momento, intensa. Falando sério, quem ia ligar pra minha camiseta?

Pedro Henrique “Oldi”, um dos fundadores do encontro, conta que a ideia veio quando ele começou a observar esse tipo de evento acontecendo nos grandes centros urbanos brasileiros. “Por que não rolar na minha cidade?”, questionou-se. Para ele e todos os envolvidos com a manifestação, trata-se de uma data bastante especial: “A gente começou com quase ninguém, e hoje tem uma galera muito grande. Agora, eu acho que o objetivo é conscientizar esse público todo que tá em volta; nosso principal anseio é crescer, mas crescer com consciência.”

Foto: Divulgação

O Encontro de MCs, nesses quatro anos, se tornou um agente disseminador de cultura em Juiz de Fora. “É uma oportunidade pras pessoas vivenciarem mais a cultura hip hop. Tem muita gente que eu to vendo aqui que tá ‘colando’ pela primeira vez, e isso é muito gratificante, ajuda a divulgar nossa cultura”, contou Pedro Santos “Reset”, que faz parte da organização do evento.

Além de atrair pessoas que provavelmente nunca teriam contato com o hip hop (como eu por exemplo!), o encontro se mostra bastante democrático. Acontece numa praça pública, estimulando a ocupação cultural do espaço urbano, e é acolhedor com todo tipo de gente. A MC Thainá foi uma das primeiras mulheres a participar das batalhas de rima aqui na cidade. “Apesar da sociedade no geral ter essa característica machista, eu nunca tive problema com isso não. Quando eu comecei, o Oldi super me incentivou.” Para ela, o encontro é uma forma de proporcionar um maior respeito pelas diferentes formas de pensamento. “Quando você começa a interagir com as pessoas na rua, você não conhece elas. Então você cria uma família na rua mesmo, você aprende a lidar com cada pessoa, porque cada uma tem um trabalho diferente, então tem que ter o respeito.”

Para o professor e poeta Giovanni Verazzani, o movimento hip hop pode ser um forte agente educacional e formador de indivíduos. “Isso é importante na construção do sujeito, porque antigamente quem formava as pessoas era a igreja, a família e a escola. [...] Hoje você tem as mídias formando sujeitos, e a mídia, principalmente a mídia hegemônica quer massificar os indivíduos. Então esse tipo de cultura mais popular resgata a subjetividade, e eu acho que é importante no processo educacional você se reconhecer como indivíduo e não como um mero objeto.”

De fato, a experiência proporcionada pelo Encontro de MCs é modificadora e de extrema importância para ampliar um cenário que pode ser um forte formador cultural e social na sociedade. A todos os envolvidos que tornam isso possível, parabéns pelos quatro anos de encontro. Que as rimas se estendam por versos longínquos!

 
 
 

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