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O samba rock’n roll de Sambavesso

  • Isabella Gonçalves
  • 25 de out. de 2015
  • 3 min de leitura

“Pseudo opereta sem nenhuma moral, sem nenhum caráter, sem final feliz e sem final... sobre a epopeia de duas gerações de músicos populares no país do jabá...”

Foto: Divulgação


Que Juiz de Fora é lugar de música, todo mundo já sabe. Nos últimos meses, procuramos noticiar e apresentar artistas diversos, nunca faltando pauta para nós. Fica até difícil falar de todos os grandes músicos que moram na nossa cidade. Mas a gente tenta, sempre com ouvidos atentos, descobrir mais para mostrar o novo para vocês. Na crítica de hoje, analiso o álbum “Ópera do Mané”, lançado pela banda Sambavesso com apoio da Lei Murilo Mendes.

Trata-se de um CD para ouvir sorrindo, balançando a cabeça e com vontade de dançar (vai e dança logo!). O disco segue uma linha narrativa, com músicas que relatam cenas diversas e completam uma só história. Misturando o rock com samba, o disco consegue demonstrar que música qualidade não deve ter rótulo. Com essa experimentação inusitada, o álbum consagra um estilo novo e comprova a diversidade de um Brasil todo cheio de ritmos e maravilhas.

O grupo Sambavesso é formado por Ângelo Goulart (Bateria); Danniel Goulart (Guitarra); Edson Leão (Voz); Fabrício Nogueira (Cavaquinho); Lula Ricardo (Baixo), havendo a participação especial de Dudu Costa no vocal. Com membros experientes no cenário musical juiz-forano, o resultado só poderia mesmo ser de qualidade.

A primeira faixa “Eu não vou” já vem com uma bateria de samba acompanhada por uma guitarra. Logo depois, o ritmo é invertido, tornando-se mais rock’n roll. “Eu não vou de camisa de força para o samba que você me convidou” é um verso que consagra a liberdade do samba feito por Sambavesso. Com melodia variante, o ouvinte bate a cabeça enquanto samba, regado pela alegria da letra da primeira música do CD. Nela, o protagonista da ópera, Maicon Jackson do Pandeiro, é apresentado, enquanto muda de vida para se tornar o “Mané do cavaco”.

A continuação da história vem com o primeiro encontro do Mané com a Madame, uma mulher apaixonada por samba, cachaça e que quer ser democrata. “Pela madrugada”, a terceira faixa, fala de festa, de choro que volta a sambar e de versos escritos na melodia do olhar. A quarta música retrata o “Sonho de Carnaval” abordando o amor e relatando a história de uma conquista carnavalesca. E aí vem a vez de “O troco”, que fala mesmo é da malandragem e das contas para pagar.

O jogo vira com a faixa “E agora mané”, que narra as dificuldades financeiras do mané, por conta de suas escolhas erradas. E depois vem a vez do mané discursar sobre as “Notícias” de um mundo no qual só acontecem desgraças. Mas o “Contra-ataque” vem com um Maicon perdido pela cidade e sumido do mundo. O nosso anti-herói, então, torna-se um artista falido, que anda por aí declamando: “Hoje eu não vou pagar”, enquanto desce cervejas e esperanças, pedindo para pendurá-las na conta. “Faz de conta que um dia eu pago”.

Para finalizar, “No esquema” traz a possibilidade de um Mané que quer voltar para música, porque “Eu quero mais é viver de samba”. E aí, a última cena retrata um artista que vira óleo e se depara com uma cidade que “amanhece uma nova canção”. “O artista vira óleo” traz um final de esperança para o protagonista tão judiado ao longo da ópera.

O CD “Ópera do Mané” consegue conduzir o ouvinte a uma história diferente, regada por um samba de muito rock. A obra merece ser ouvida e conferida, em especial pelos apreciadores da música popular brasileira.

 
 
 

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