Noite de chuva, teatro lotado e Caetano no palco
- Hyrlla Tomé
- 15 de dez. de 2015
- 3 min de leitura
Fotos: Jorguen Klysman
Em primeiro lugar, antes dos agradecimentos e boas vindas, as palavras do artista: um teatro lotado na noite de um sábado para uma apresentação de música instrumental é, realmente, algo a se guardar no currículo. É um passo para a música instrumental de Juiz de Fora, sem dúvida alguma.
O moço dono dessa proeza é Caetano Brasil, que, na noite chuvosa do último sábado, dia 12, lançou seu primeiro álbum, chamado Caetano Brasil. O músico, de apenas 21 anos, já faz fama na cidade por acompanhar diversos artistas; na noite anterior anterior, por exemplo, acompanhava no lançamento do álbum Meu Canto É Segredo, de Uiara Leigo. Caetano mostra-se também um solista perfeitamente capaz de conduzir um show animado.

Caetano Brasil encantou a noite chuvosa de sábado com suas composições
Assim foi a noite: um misto de emoções intensas, enquanto assistíamos o clarinetista e saxofonista empolgar-se com cada nota emitida, dançando como se todas as células de seu corpo estivessem envolvidas no esforço de preencher o teatro com a sua música. Acompanhavam na banda Adalberto Silva (contrabaixo), Gladston Vieira (bateria), Rick Vargas (percussão) e Guilherme Veroneze (piano).
O CD, aprovado na edição de 2014 da Lei Municipal de Incentivo à Cultura - Lei Murilo Mendes foi gravado em duas sessões, para que o ouvinte não perca a essência das improvisações “ao vivo”. Das nove músicas que o integram, sete são de sua autoria e uma composição foi realizada em parceria com o antigo pianista de sua banda, Rafa Castro. Caetano arranjou, produziu e esteve presente em todos os pequenos detalhes de seu álbum, inclusive, pesquisando incessamente uma estética musical que o agradasse.

Na foto, detalhe da percussão de Rick Vargas, Gladston Vieira (bateria) e Adalberto Silva
Suas composições buscam diversas influências, mas sempre com o pano de fundo do choro. “Eu ouço muita música. Ouço o choro, música folclórica da Europa oriental, música latina… E busco, nas minhas pesquisas, incorporar esses ritmos ao choro. Tanto para encontrar a minha identidade enquanto artista, quanto para continuar com o trabalho de atualização do choro”, conta. De acordo com Caetano, é bem verdade que o choro é o pai de vários ritmos brasileiros, mas é importante que ele não esteja estagnado no passado.
Por isso, quem ouve o disco, nota a personalidade de cada música. No show de sábado, essa particularidade era notável também durante a apresentação. Caetano apresentou diversas músicas integrantes do álbum e algumas inéditas. Em Damasco, a música composta em parceria com Rafa Castro foi tomada por solos de Gladston Vieira, Rick Vargas e Guilherme Veroneze. Enquanto assistia os amigos músicos, Caetano deixava seus instrumentos no suporte, ia para um cantinho do palco e gargalhava, batendo palmas, dançando ao ritmo da sua música.

A plateia acompanha Caetano nas diferentes emoções do show
Em Alfaiate, o momento foi diferente. Antes de executá-la Caetano dividiu com o público sua inspiração: a faixa presta homenagem a seu avô, cuja oficina de alfaiataria havia sido cenário das brincadeiras com os primos, enquanto o motor da máquina de costura e a vitrola tocando os discos de música clássica davam conta da trilha sonora. Caetano lembra do orgulho que seu avô sentia em espalhar para os vizinhos a carreira escolhida pelo neto. “Ontem tocou em São Paulo, Fulano. Semana que vem? Recife!”, brincou Caetano no palco, imitando o avô. Ao final do show, Caetano me contou: “Se eu tivesse que escolher uma música favorita, seria Alfaite, pela carga emocional que ela tem”. Carga que ficou nítida nas lágrimas que não conseguiu conter ao final da faixa, acompanhadas de longos aplausos da plateia.
Não só seu avô, Caetano, mas Juiz de Fora fica orgulhosa de ter um músico como você. Desde os abraços carinhosos recebidos após o show, os elogios dos conhecidos e desconhecidos. Aguardamos, ansiosos, os próximos capítulos da sua carreira.

Ouvir e ver a performance de Caetano são duas experiências totalmente diferentes: o músico se transforma no palco
Para os que querem ouvir o som de Caetano Brasil, opções não faltam. O streaming gratuiro está disponível nas plataformas do Spotify e Deezer. Também é possível comprar o álbum digital nas lojas virtuais iTunes e Amazon. E, para os que quiserem adquirir o álbum físico, é só ligar para (32) 98417-1500, ou enviar uma mensagem para o e-mal contatocaetanobrasil@gmail.com.
Comments