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Luizinho Lopes: música, poesia e mineiridade

  • Luísa Moreira
  • 7 de mar. de 2016
  • 3 min de leitura

Conheço Luizinho desde quando era bem pequena. A princípio, encantava-me com a delicadeza daquele moço de sorriso fácil, sempre gentil e que falava baixinho. Mais tarde, seus acordes e sua musicalidade viva é que me encantaram – e surpreenderam.

Nos dias 4 e 5 de março, o Bar da Fábrica abriu suas portas para recebê-lo, acompanhado de Bré Rosário e Daniel Drummond. O galpão da fábrica, que um dia entrelaçou fios e vidas, continua tecendo história; neste último final de semana, teceu sons, tons, poesia e encontros. Estive no show de sábado e, mais uma vez, saí maravilhada.

Luizinho Lopes, acompanhado de Bré Rosário, Daniel Drummond e o convidado especial Ricardo Itaborahy

O repertório, autoral e de parcerias, foi acolhido com carinho pelo público. Alguns até arriscaram a cantar junto. Entre uma música e outra, um grupo manifestou desejo de que as letras fossem disponibilizadas para que a plateia pudesse acompanhar os músicos nos próximos encontros. A apresentação começou com a música Dossiê e, embora sua letra afirme que “não há lugar nessa cidade pra quem quer voar”, me arrisco a contrariá-la: Luizinho voa e nos leva junto com ele para um encontro com nossa mineiridade. O que se confirmou ao som de Em Mim, poema de Luiz Ruffato musicado por Luizinho:

“Talvez não entenda

A lenda silenciosa em mim

Não é costume após costume

É muito mais

Não está em mim só

Está em mim

Em mim em mim em mim

Nas gerais”

O músico encantou a plateia com seu repertório autoral

A noite foi marcada pelas músicas do DVD Luizinho Lopes Ao Vivo, porém, algumas faixas do CD Pontualmente às 3 – com previsão de lançamento para o segundo semestre deste ano – também compuseram o repertório do show. Encantei-me com Palma da Minha Mãe, afinal, “sou uma forma de ser, conforme seja a sensação” e é incrível a sensação de ouvir música de qualidade ganhando força em Juiz de Fora. Em alguns momentos, o acordeon de Ricardo Itaborahy tocou forte e encantou, somando-se ao sonoro violão de Luizinho, à marcante guitarra de Daniel e à preciosa percussão de Bré. Formou-se, assim, uma atmosfera mágica que se completou com a participação do poeta peruano Renato Sandoval e suas poesias, traduzidas para o português pelo também poeta Iacyr Anderson Freitas.

Renato Sandoval declama seus poemas sob improvisos de Luizinho

O formato da apresentação antecede as preparações para a participação no 3º Festival Internacional de Poesia de Lima. O convite para este evento partiu de Sandoval: ao visitar Juiz de Fora para um trabalho pela UFJF, conheceu Luizinho, que o presenteou com seu DVD. Sua obra como um todo e, particularmente, a poesia guardada em suas letras, chamaram atenção do poeta que, ao voltar para o seu país, apresentou o trabalho de Luizinho à organização do evento, que se encantou com a sua qualidade musical e poética. O Festival acontecerá entre os dias 13 e 16 de abril. Luizinho, Bré e Daniel partem para Lima no dia 12.

O entrosamento dos músicos, por sinal, vem de longa data. A parceria de Bré e Luizinho começou em 1983, ou seja, são muitos anos de cumplicidade na paixão pela música. Daniel chegou mais tarde, em 1999, quando ainda era um menino - tinha, na época, 17 anos. A amizade e afinidade dos três músicos são notáveis no palco. Tocam gostando do que fazem e, a cada música, reinventam-se, renovam seus laços e convidam o público para entrar nessa toada... e voar!

 
 
 

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