Domingo na praça: céu azul e música instrumental
- Luísa Moreira
- 17 de mai. de 2016
- 2 min de leitura
Quando tinha cerca de doze anos, ouvi Dudu Lima e Salim Lamha tocando no bar de um amigo dos meus pais, numa tarde de sábado. Poucas pessoas assistiam e eu prestava muita atenção. Ainda criança, tive o desejo de ver aquele som ganhando o mundo e percebi que nem sempre a música precisa de palavras para emocionar. No último domingo, oito anos mais tarde, lembrei-me daquele momento e, feliz, percebi que as coisas haviam mudado: as notas de Salim e Dudu ganharam o céu azul de outono, foram ouvidas – e aplaudidas – por muitos.

Instrumental Nota Jazz na Praça Armando Toschi
A discotecagem em vinil de Marcelo Castro ecoava e a Praça Armando Toschi foi ganhando cores e caras. Quando as mesas se esgotaram, o público acomodou-se no gramado – e parecia não ver problema nisso. Gibran, então, subiu ao palco e anunciou o início da Sessão Instrumental, um evento realizado pelo O Gibra Indica.

Salim Lamha e sua viola emocionam o público
O palco estava cheio de instrumentos, que logo ganharam vida nas mãos do Instrumental Nota Jazz, formado por Salim, Adalberto Silva, Mário Mendes, Gladston Vieira e Cacáudio. Com um repertório cheio de músicas autorais e de Juiz de Fora, o “pau quebrou”. Quando Salim ficou sozinho no palco com sua viola, o som, mesmo solitário, preencheu cada cantinho da praça. Na música final, composta por Carlos Carreira, somaram-se ao grupo as flautas de Nara Pinheiro e Amanda Martins e a percussão impecável do nosso Joãozinho "de Juiz de Fora". Foi emocionante! Assim, eu, Salim e muitos dos presentes: choramos. “A música é uma religião. Nós emitimos energias para que a gente aperfeiçoe, ajude as pessoas. Viva a música!”, finalizou Salim ao se despedir.

Dudu Lima Trio
A seguir, o Dudu Lima Trio – composto por Dudu, Leandro Scio e Ricardo Itaborahy - entrou em cena. É preciso dizer que os aplausos eram tão frequentes que se tornaram parte das músicas. O setlist foi de Milton Nascimento a Beatles e tomou conta praça. Era impossível não se deliciar com público mirim que dançava e viajava no ritmo do grupo. O tempo passou e, quando percebi, Dudu já anunciava a saideira. Então, foi até a plateia e nós apreciamos, de pertinho, o poder de seus dedos e cordas. Os domingos na praça do Ministrinho têm ganhado um novo sentido: que a música instrumental possa tomar muitas outras praças, ruas e histórias. Vida longa a Sessão Instrumental!
Comments