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Uiara Leigo: vamos falar sobre amor

  • Luísa Moreira
  • 24 de mai. de 2016
  • 2 min de leitura

Fotos: Ana Cláudia Ferreira.

O clima era de agitação, mas daquelas boas, sabe? Um friozinho na barriga por algo que a gente espera muito. Logo de início, era possível perceber pistas de como seria o domingo: balões brancos em forma de coração cobriam a grama, um varal sobre a diversidade, organizado pelo Coletivo Duas Cabeças, e a exposição fotográfica ‘Nosso afeto te afeta?’, da fotógrafa Barbara Mendonça, estampavam o que muitos vêm tentando dizer há algum tempo. A Praça Armando Toschi foi tomada por gentes - múltiplas, coloridas, singulares e plurais – para celebrar a diversidade e o amor pela música. O dia foi de “basta!” à intolerância e ao preconceito.

O grupo Macauã Folclore deu início às apresentações com lindas danças da cultura popular, resgatando nossas origens e história. Pouco depois, o Coletivo Maria Maria, núcleo da Marcha Mundial das Mulheres, entrou em cena com a batucada feminista. As meninas cantavam por equidade de gênero, combate ao machismo e possibilidade de ser o que se quer para todas as mulheres. Naquela tarde ensolarada, Uiara Leigo abriu espaço para vozes invisibilizadas pela sociedade de uma forma bela e poética.

Uiara Leigo canta músicas de seu disco ‘Meu Canto é Segredo’ na Praça do Ministrinho

Acompanhada de Hermanes Abreu, Arnaldo Huff, Geison Vargas, Rick Vargas e Amanda Martins, Uiara subiu ao palco. O repertório escolhido foi o que compõe seu recente CD ‘Meu Canto É Segredo’, porém, a sonora voz da cantora nos dizia o que não era segredo para nenhum dos presentes: o amor, a fé e a liberdade transformam. O show começou com Reza, traduzindo tudo pelo que o peito dos músicos e do público pulsava:

“Vez que de carta se fez feliz

Sábio conselho se fez chegar

A hora roubar, de se libertar

Caminho do bem, caminho do mar

Como sorriso a primeira vez

Pelo poder de abençoar

Mudar o que foi, o amor querer

E assim se fez e assim fará”

A verdade é que o show não acontecia somente no palco, o entorno ilustrava com fidelidade os versos da artista. A praça vibrava: crianças dançavam e brincavam, enquanto, famílias e amigos brindavam. Por algumas horas, esquecemos o mundo que nos cerca e um lugar mais humano, justo e igualitário constituiu-se bem ali, diante de nossos olhos. Em Basta, a música que nomeou a mobilização, pudemos finalmente dizer tudo aquilo que, um dia, esteve guardado: “apontar meu defeito não faz esse jeito tenaz me deixar, corromper meu instinto não traz a distância da paz que achei”.

Tambores do Ingoma juntam-se a banda de Uiara

Então, os tambores que tocam por igualdade, do Ingoma, somaram-se a festa. A plateia chegou mais perto e assistiu, atenta, os ritmos marcantes do grupo ecoando junto a banda de Uiara. Foi emocionante! Tudo se encaixou perfeitamente e ninguém percebeu como o tempo passava rápido: o show chegava ao fim. As palavras da cantora em Toque, concretizaram a mensagem do momento: “toque o atabaque que eu quero passar na estrada da luta”, afinal, a luta continua.

Com amor, afeto e música.

Sempre.

 
 
 

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