Música e palavras: O show de Thiago Miranda e o relato pessoal de uma quase jornalista
Fotos: Ana Cláudia Ferreira
“O que seria do meu violão sem a minha voz?”, pergunta Thiago Miranda. E eu pergunto: o que seria da minha caneta, sem as minhas palavras?
Thiago Miranda fez “o show da sua vida” no Cine Theatro Central na noite do último sábado, dia 20 de agosto de 2016. Foi uma apresentação com MPB, samba, canções inéditas, participações especiais e, o melhor de tudo, muitas histórias no palco e por trás dele!
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Uma vez eu comprei uma caneta roxa, porque eu queria escrever com uma cor diferente do azul marinho que as pessoas normalmente usam. Comprei uma rosa também, mas sempre que vou para algum show levo a roxa, superstição boba que a gente cria para tentar fazer tudo dar certo.
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Entrei no camarim do Thiago Miranda. Ele já estava quase pronto para o show no brilhante Central. Depois de correr de um lado para o outro tentando deixar tudo do jeito que queria, e esperou durante tanto tempo, finalmente sentou e deixou que o irmão passasse a maquiagem para camuflar uma espinha na testa. E também conversar comigo. Tudo pronto, pensei. Mas ainda faltava o sapato, esquecido no carro.
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Entre uma pergunta e outra, um detalhe novo para resolver. Faltava pouco para começar, mas provavelmente iria rolar um atraso. Chegou o setlist. “Você tem uma caneta aí”? Serve roxa? Serviu. E a minha caneta ficou lá no camarim do Thiago. Final de vida feliz para uma despretensiosa caneta roxa, não é mesmo?
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Desci as escadas apressada (e preocupada), pensando em pegar um bom lugar na plateia. Achei um canto bom, que me permitiu ver toda a maravilhosidade de Thiago Miranda no palco sem ter que ficar esticando o pescoço. Pelo contrário, fiquei sentada quieta, tranquila, esperando o inesperado.
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Eu já tinha ouvido umas músicas antes do show, mas a sensação de quando bate aquela voz forte no ouvido é meio difícil de prever. Você ouve e pensa “gente, o que é isso?”. Fiquei nessa o show inteiro. E o Thiago, lá no palco, parecia que estava no melhor lugar do mundo (se bem que talvez o palco seja mesmo o melhor lugar do mundo para um artista). Ele trouxe um pouco do primeiro CD “Músicas e Palavras” e também as inéditas que devem compor o CD novo, até agora chamado de “Samba para elas”. Achei sugestivo!
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De repente, eis que surge um biombo no palco. Eu segurei a ansiedade. “Pouca Intuição” é uma música especial feita por ele para a MC Xuxú, com a letra sobre a vida da cantora. Ela foi uma das participações especiais da noite. Gritei na plateia (e pensei: o vestido vermelho tá babado mesmo! Fui eu quem passei para ela, gente).
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Descobri que o Thiago é gente como a gente. Ele contou que só foi conhecer Cartola e Chico Buarque há uns 12 anos, mas depois, os dois se tornaram grandes referências da sua música. “Tem tempo para tudo”. Tem mesmo, nunca é tarde para fazer alguma coisa que a gente quer, eu entendi.
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Uma das fortes referências do Thiago é juiz-forana, o grupo Lúdica Música. A minha são os meus pais. Eles não estavam presentes, mas o Lúdica estava e deixou o show ainda mais especial. Eles interpretaram juntos a versão já conhecida no primeiro disco de “Trocando em miúdos” e fizeram uma homenagem ao mestre Vander Lee, que deixou este mundo há alguns dias. Eu fiquei atônita, emocionada.
Lúdica Música abrilhantando ainda mais o show de Thiago Miranda no Central
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Entre uma música e outra, uma história diferente sobre tal canção nasceu. Adorei todas as ideias. “Amor por querer”, por exemplo, foi num dia de sentimento total, com direito a muito amor e lançamento do disco novo do Djavan, inspiração para qualquer um. “Minha religião é você” é um reggae feito em homenagem a irmã dele que está doente.
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O repertório também teve um “leve passeio pelo disco novo”. Teve um momento em que eu me senti em casa, ouvindo o DVD do Jorge Vercillo, ou aquele CD “O Som do Barzinho” que meus pais adoram. Mas o diferencial e especial é que nesse show, não tem muitas releituras de músicos famosos, mas sim, muita música autoral de qualidade!
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O show termina. Nós, eu, a plateia e o Thiago, tiramos uma foto para registrar. Em uma noite cheia de eventos esportivos acontecendo na Cidade Maravilhosa, Thiago Miranda deixou a noite de Juiz de Fora mais maravilhosa depois do seu show. E apesar de não ter a caneta roxa comigo (tadinha, ou feliz, vai saber), teve palavra e teve texto.
