Original e independente: Algar lança novo single recheado de Heavy Metal brasileiro
- Carime Elmor
- 24 de jan. de 2017
- 3 min de leitura
Foto: Divulgação
A banda de Heavy Metal Algar começou o ano com o lançamento de um novo single, Mais-valia, além da crítica política explícita na letra, eles seguem a ideia do DIY gravando tudo em casa de forma totalmente independente. O single, lançado no sábado, 14 de janeiro, é o oitavo trabalho da banda e está disponível no SoundCloud e no Youtube.
Passando por cima de qualquer barreira musical entre a música tradicional brasileira e o Heavy Metal, a Algar tentou juntar referências de brasilidade, como o baião e o samba, com os riffs de uma guitarra pesada, típica da banda. Pode soar estranho no início, mas vale a pena ouvir até o fim e acompanhar a letra que conta em primeira pessoa a história de homem do sertão brasileiro que vive da terra. A formação da banda conta com o guitarrista Leo Barbosa, o baterista Filipe Roque e os irmãos Felipe Eiterer, baixista, e Nathan Eiterer, guitarrista e vocalista, que conversou com a Avenida sobre o lançamento do single.
Carime Elmor: O single Mais-Valia fará parte de um lançamento futuro? Um novo disco que estão preparando para 2017?
Nathan Eiterer: A Algar vem com a ideia de romper com o conceito de disco, acreditando que o mercado prefira uma dinâmica e constante produção de conteúdo. Estamos mantendo a média de um lançamento por bimestre e Mais-valia é o oitavo trabalho da banda. Admiramos e respeitamos os velhos colecionadores e até acredito que no futuro venha rolar coletâneas, em pequenas tiragens, para presentear aqueles que ainda gostam do formato, mas não é o foco inicial.
Carime: Além do baião, que você já mencionou, quais toques de brasilidade têm na música Mais-Valia? Por qual motivo quiseram dar uma reinventada no Heavy Metal clássico? Vocês acreditam que o Heavy Metal é um gênero que, apesar de ter um público forte, clama por uma novidade sonora das bandas de agora? Qual seria o frescor, o toque contemporâneo que a Algar propôs nessa nova música?
Nathan: O heavy metal tradicional não nasceu aqui, ele aconteceu em outro momento e em outros países, ele é reflexo do pensamento de uma geração. A globalização nos presentou com a possibilidade de conhecer, gostamos de como soam os clássicos, mas nunca nos pareceu legítimo fazer da mesma forma que sempre foi feito. Crescemos ouvindo toda a diversidade da música brasileira e gostaríamos de poder fazer algo autêntico, mesmo que isso indicasse romper com o gênero. Os toques da MPB, o batuque do samba, o baião, tudo entra e então não só o fã de heavy metal, mas todo fã da boa música pode encontrar ali algo que lhe pareça familiar.
Carime: A letra de Mais-valia fala sobre liberalismo econômico, capitalismo? Faz alguma crítica político-econômica?
Nathan: A letra de Mais-valia conta a história de um homem comum, que acorda cedo e tira da terra o seu sustento. Há uma critica indireta ao capitalismo na moral da história que eu chamo mais de "um apelo por uma forma diferente de viver". É uma característica fundamental da banda tentar poetizar aquilo que nem todos querem ouvir, algo que considero bem explicito no single de estreia Pact Of Mediocrity.

Carime: Como foi feita a gravação do novo single? Vocês costumam fazer gravações caseiras, não é? Mas como gravam? E porque escolhem gravar em casa?
Nathan: Sempre acreditei na produção musical como outra linguagem, uma forma de interagir e moldar a música. No trabalho final você escuta não só a banda, mas também o toque, as crenças e todo o sentimento do produtor. Acreditar nisso faz com que você queira trabalhar com alguém que não só possa agregar conhecimento, mas que principalmente compreenda sem descaracterizar a ideia inicial. Fazer por nós mesmos nos dá a liberdade de experimentar, testar ideias. Nos encontramos em qualquer lugar, com um notebook, um headphone, uma placa de captura e softwares gratuitos e fazemos do nosso jeito, como imaginamos que deveria ser. Nosso baterista, Fillipe Roque, ficou responsável por escrever as linhas de batera nessa que é a parte mais trabalhosa do processo. Ficamos semanas testando timbres, dinâmicas, tudo para que soasse mais orgânico possível. As guitarras já estavam todas definidas, gravamos em uma única tarde. Sempre deixamos o Baixo as vozes por último. Tudo sem sair de casa. Todos os timbres simulados por plug-ins digitais no meu velho notebook.
Commentaires